quarta-feira, 29 de dezembro de 2010


Hoje eu tô sozinho
E não aceito conselho
Vou pintar minhas nhas
E meu cabelo de vermelho...

Hoje eu tô sozinho
Não sei se me levo
Ou se me acompanho
Mas é que se eu perder
Eu perco sozinho
Mas é que se eu ganhar
Aí é só eu que ganho...

Hoje eu não vou falar mal nem bem de ninguém
Hoje eu não vou falar bem nem mal de ninguém...

Logo agora que eu parei
Parei de te esperar
De enfeitar nosso barraco
De pendurar meus enfeites
Te fazer o café fraco, eh!...

Parei!
De pegar o carro correndo
De ligar só prá você
De entender sua família
E te compreender, êh!...

Hoje eu tô sozinho
E tudo parece maior
Mas é melhor ficar sozinho
Que é prá não ficar pior...

Hoje eu não vou falar mal nem bem de ninguém

E já que eu tô só
Não sei se me levo
Ou se me acompanho
Mas é que se eu perder
Eu perco sozinho
Se eu ganhar
Aí é só eu que ganho...

domingo, 28 de novembro de 2010

quem sou eu???

Quando me olho no espelho, sinceramente me acho bastante razoável. Mas é só eu ver uma foto minha - mesmo que seja uma "boa" foto - para mudar de opinião. O ângulo do pescoço, a sombrancelha levantada, o sorriso forçado, a expressão repuxada, o olhar duro e fixo - tudo na foto parece forçado, não tem mais a simpática mobilidade com que me olho ao me pentear ou fazer a barba.

Será que não me olho, que não me enxergo bem quando estou diante do espelho? E, assim, penso que sou menos estranho do que de fato sou? Ou será culpa da máquina, do fotógrafo, que obtiveram uma imagem arrancada com violência do fluxo confortável do tempo dentro do qual eu vivo?

Na pintura, os grandes auto-retratos - os de Rembrandt, por exemplo - parecem ter a preocupação de valorizar tudo o que houver de móvel, de instável, de flexível num rosto humano, na vida humana. Não surgem como a imagem fixa, repentina, de seu autor. Não é por acaso, talvez, que Rembrandt retratou a si mesmo em inúmeras épocas de sua vida. É como se o verdadeiro autro-retrato não terminasse nunca, tivesse de se estender ao longo dos anos, envelhecer como o rosto de quem o pintou.

Mas o que acontece com quem responde uma pergunta "quem sou eu?". Não tem como não fugir do instantâneo, do automático - de tudo aquilo que faz violência contra a duração do tempo, de sua consciência e de seu corpo. "Quem sou eu" está mais próximo de uma foto feita por uma pessoa do que a imagem que o autor tem de si mesmo no espelho. Por isso para a pergunta "quem sou eu?" a melhor resposta é "Não Sei!".

sábado, 16 de outubro de 2010

saindo do armario......


Armário
Zeca Baleiro
Composição: Zeca Baleiro
Lembro quando você me falou,
dentro do armário,
só tem bolor e naftalina.
Vem já pra fora, meu bem,
que só aqui é que tem,
calor e adrenalina.
Voltei pra casa,
parei na porta,
pensei um pouco...
Nem morta!
Não posso, não posso,
já falei que eu não posso,
não é que eu não queira,
mas é tão difícil pra mim.
É claro que eu quero,
quero mais que tudo,
mas sinto tanto medo,
um medo absurdo!
Medo dos vizinhos,
medo da mommy,
medo do daddy,
e do meu irmão,
que já foi skinhead.
Oh, meu amor,
ninguém me faz tão feliz,
ninguém me fez tanto bem...
Mas já que eu não posso sair do armário,
peço que você entre no armário também...
Não posso, não posso,
já falei que eu não posso,
não é que eu não queira,
mas é tão difícil pra mim.
É claro que eu quero,
quero mais que tudo,
mas sinto tanto medo,
um medo absurdo!
Medo dos vizinhos,
medo da mommy,
medo do daddy,
e do meu irmão,
Que já foi skinhead.
Oh, meu amor,
você é tudo de bom,
ninguém me fez tanto bem...
Mas já que eu não posso sair do armário,
Peço que você entre no armário também...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A História de Lily Braun


Como num romance o homem dos meus sonhos me apareceu no dancing, era mais um
Só que num relance os seus olhos me chuparam feito um zoom
Ele me comia com aqueles olhos de comer fotografia, eu disse cheese
E de close em close fui perdendo a pose e até sorri, feliz
E voltou, me ofereceu um drinque, me chamou de anjo azul
Minha visão foi desde então ficando flou
Como no cinema me mandava às vezes uma rosa e um poema, foco de luz
Eu, feito uma gema me desmilingüindo toda ao som do blues
Abusou do scotch, disse que meu corpo era só dele aquela noite, eu disse please
Xale no decote, disparei com as faces rubras e febris
E voltou no derradeiro show com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus, já vou com os meus numa turnê

Como amar esposa, disse ele que agora só me amava como esposa, não como star
Me amassou as rosas, me queimou as fotos, me beijou no altar
Nunca mais romance, nunca mais cinema, nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese, nunca uma espelunca, uma rosa nunca, nunca mais feliz

Nunca mais romance, nunca mais cinema, nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese, nunca uma espelunca, uma rosa nunca, nunca mais feliz

sábado, 21 de agosto de 2010

teoria kantiana da beleza


1 – VIDA E OBRAS:
Immanuel Kant ( 22 de Abril de 1724 - 12 de Fevereiro de 1804), filósofo alemão. Fundador da filosofia crítica.viveu e morreu em Konisberg, uma cidade da Prússia Oriental (Alemanha). Filho de um comerciante de descendência escocesa. Recebeu uma educação pietista. Frequentou a Universidade como estudante de filosofia e matemática. Dedicou-se ao ensino, vindo a desempenhar as funções de professor na Universidade de Konisberg.

Kant manifestou grande simpatia pelos ideais da Independência Americana e depois da Revolução Francesa. Foi um pacifista convicto. É lendária a forma extremamente regrada como vivia. Conta-se que a população de Konisberg acertava os relógios por ele quando passava pelas suas janelas nos seus passeios diários, sempre às 16h30. Morreu aos 80 anos.

Obras

Pensamentos sobre o verdadeiro valor das forças vivas (1747), História Universal da Natureza e Teoria do Céu (1755), Monodologia Física (1756), Meditações sobre o Optimismo (1759), A Falsa Subtileza das Quatro Figuras Silogisticas (1762), Dissertação de 1770. Sobre a Forma e os Princípios do Mundo Sensível e do Inteligível (1770), Prolegómenos a toda a Metafísica Futura (1783), A Religião nos Limites da Simples Razão, Crítica da razão pura (1781, 1º.ed., 1787,2ª.ed.), Fundamentação Metafísica dos Costumes (1785), Crítica da Razão Prática (1788), Crítica da Faculdade de Julgar (1790).

2- O JUÍZO DE CONHECIMENTO E O JUÍZO DE GOSTO:

Kant desloca o centro de existência da beleza do objeto para o sujeito. Em vez de tentar solucionar os problemas estéticos (beleza e o da arte), ele demonstra que são insolúveis. Essa impossibilidade de resolver tais problemas, vem, primeiro da diferença existente entre os juízos de conhecimentos e os juízos estéticos (juízos de gosto).
Os juízos de conhecimento emitem conceitos que possuem validade universal, e se baseiam em propriedades do objeto. O juízo estético não emite conceito, ele decorre de uma simples reação pessoal do contemplador diante do objeto.

3- O JUÍZO ESTÉTICO E O JUÍZO SOBRE O AGRADÁVEL:

No pensamento kantiano também se distingue os juízo estético do juízo sobre o agradável. Um juízo sobre o agradável é baseado numa pura sensação subjetiva, o agradável é aquilo que agrada aos sentidos, na sensação.
Dessa forma, o juízo estético é ambíguo. Ele parece com o juízo sobre o agradável por se basear numa simples sensação de prazer que o sujeito experimenta diante do objeto, mas difere, por que a pessoa que gosta de um quadro não se conforma que este seja belo apenas para ela, e exige, pra esse juízo subjetivo, um assentimento geral, como se tivesse emitido um conceito objetivo.
Também se difere do juízo de conhecimento por que não exprime nenhum conceito fornecido pelas propriedades do objeto, mas simplesmente uma sensação que foi agradável ao sujeito.

4- CARACTERISTICAS DA BELEZA:

Quando o sujeito emite um juízo estético, não esta exprimindo um conceito decorrente das propriedades do objeto, mas apenas uma sensação de prazer (ou de desprazer) que ele experimentou diante do objeto. No entanto, o sujeito exige sempre para esse juízo estético, sem conceito, uma validez universal.
A razão disto é que a beleza é resultado das faculdades necessariamente comuns a todo homem, a sensibilidade, ou a imaginação, aliada ao entendimento.
A satisfação determinada pelo juízo de gosto ou a beleza, é uma necessidade subjetiva que aparece como objetiva. Essas faculdades comuns a todos, produzem a sensação de prazer ou desprazer. Por isso é natural que, o sujeito, ao experimentar uma sensação de prazer diante de uma obra de arte, exija a aprovação geral.
Existem duas formas de prazer, assim como as diferenças entre o juízo estético e o juízo sobre o agradável. O prazer interessado, por exemplo: quando uma pessoa se alimenta, tem um interesse físico de satisfação, de forma que o prazer causado por esta sensação é um prazer interessado. Mas se a mesma pessoa experimenta uma sensação de alegria diante de uma rosa, é uma alegria desinteressada.
O sentimento da beleza não procura satisfazer nenhuma inclinação, é um sentimento puramente contemplativo, é um prazer desprovido de interesse.

5 - FIM E FINALIDADE:

O fim, considerado como satisfação, tem sempre um interesse como motivo trazido sobre o objeto do prazer. A finalidade é algo que o sujeito descobre no objeto e que excita suas faculdades. O fim esta ligado ao objeto e sua utilidade, e a finalidade esta ligada ao sujeito e a sensação de prazer que ele experimenta.
O prazer causado pela finalidade é decorrente da apreensão da forma do objeto pelo sujeito, é um julgamento estético sobre a finalidade do objeto. A satisfação determinada pelo juízo de gosto é uma finalidade sem fim.

6 - BELEZA LIVRE E BELEZA ADERENTE:

A distinção entre Beleza livre e Beleza aderente deriva da destinação entre finalidade e fim. Quando um sujeito observa um carro, por exemplo, ele não pode nunca olhar de forma desinteressada, por que tem sempre em vista o fim útil a que ele se destina. Quando um sujeito observa um quadro, tem em vista o prazer do contemplador. Mas, se o quadro representa a imagem de um Gato, por exemplo, a contemplação da Beleza é encoberta pelo conceito que fazemos de um Gato, enquanto que se o quadro apresenta formas geométricas, a contemplação é mais desinteressada e livre, portanto mais pura. É por isso que a beleza ligada às artes figurativas é aderente (por que adere ao conceito das coisas representadas); a Beleza livre é a que se liga as artes abstratas, que representam formas puras.
A concepção kantiana do prazer desinteressado e a satisfação determinada pela Beleza livre, é considerada a única Beleza esteticamente pura.

Frustração e dor...




Às vezes paro pra pensar e refletir sobre a minha vida, sobre minhas ações, se certas ou erradas, sobre o futuro. Sempre acreditei que eu fosse triste porque eu tinha que ser. Sempre acreditei no amor, que um dia talvez ele chegasse. Sempre acreditei, mas acabei me iludindo. Hoje, refletindo, eu não me sinto triste, me sinto altamente frustrado.

Na verdade eu fui minguando ao longo dos anos, com o passar irrefreável do tempo. Não me dei conta, não se deram conta. E assim fui indo, como uma lua não mais cheia, como um copo d’água evaporando sob o sol quente.

Não sei como se deu, nem causas e razões, se é que houveram. Quando percebi, já tarde, o retorno tinha passado. Não chorei quando devia, não briguei quando devia.
Talvez tivesse sido isso. Ou não. Sei somente que fui me consumindo numa fogueira estranha, fria, onde meus pedidos de socorro não eram ouvidos por ninguém. Também não sei se pedi socorro. Nem se eu queria socorro.

Olhando pra trás, num exercício sempre deprimente por si só, vi meus laços se afrouxando até se soltarem. E assim se foram amores e amigos. Mesmo sozinho, continuei lutando. Mas num dado momento, que não sei mais qual foi, fui me entregando, primeiro discretamente, depois vergonhosamente, baixei minhas armas ao chão e vi meus inimigos me cercando, me machucando por prazer, e não resistia mais. Fui perdendo aos poucos, e no final, estava derrotado, completamente.

Se ainda houvesse quem se desse conta, as pessoas do meu passado tão distante, talvez me perguntassem por que foi assim, e não saberia a resposta, como não soube a resposta de muitas coisas pelo meu caminho. E ainda hoje continuo sem saber. Talvez eu fosse fraco, e isso já bastasse para chegar aonde cheguei. Talvez fosse autodestrutivo, como certa vez me disseram. Talvez simplesmente não houvesse motivo algum.

Me lembro de um tempo de antes, bem de antes, onde as coisas não estavam perdidas pra mim. Sinto saudades. Havia esperanças, havia futuro. Hoje já não sei se há mais. Preso, encastelado no mundo que criei ou criaram para mim, me resignei e fiquei onde estou agora, minguando, mergulhado na destruição de uma vida desperdiçada, na desolação de uma solidão fria, imensa, gélida, com ecos de silêncio por todos os cantos.

Não tenho nada. Não fui nada. Não deixei nada. Essa é minha história de vida, melancólico e sozinho, esperando minguar até o fim, e se tiver que ser assim, esperando que esse fim venha logo, que não tarde a chegar, pois sofrimento queima, machuca, arde, dói. E eu já sofri demais.

sábado, 17 de julho de 2010

ser ou não ser?

O solilóquio de Hamlet
(Ato III, Cena 1)


Ser ou não ser; essa é toda a questão:
Se mais nobre é em mente suportar
Dardos e flechas de ultrajante sina
Ou tomar armas contra um mar de angústias
E firme, dar-lhes fim. Morrer: dormir;
Não mais; dizer que um sono porá fim
À dor do coração e aos mil embates
De que é herdeira a carne!... é um desenlace
A aspirar com fervor. Morrer, dormir;
Dormir, talvez sonhar: eis o dilema,
Pois no sono da morte quaisquer sonhos
- Ao nos livrarmos deste caos mortal -
A paz nos devem dar. Esta é a razão
De a vida longa ser calamidade,
Pois quem do mundo os males sofreria:
A injustiça, a opressão, a vã injúria,
O amor magoado, as delongas da lei,
O abuso do poder e a humilhação
Que do indigno o valoroso sofre,
Quando ele próprio a paz encontraria
Em seu punhal? Quem fardo arrastaria,
Grunhindo, suarento, em triste vida,
Senão porque o pavor do após-a-morte
- Ignota região de cujas linhas
Não se volta - a vontade nos confunde
E nos faz preferir males que temos
A buscar outros que desconhecemos?
Assim nos faz covardes a consciência,
E o natural fulgor da decisão
Sucumbe à débil luz da reflexão;
E assim projetos de vigor e urgência
Em vista disto seus cursos desviam
E perdem o nome de ação. Oh, cala-te!
A bela Ofélia! - Ninfa, em tuas preces
Lembrados sejam todos meus pecados.*

segunda-feira, 12 de julho de 2010

vandalismo é arte!!!


"(...) Vandalismo é uma violação intencional, a desfiguração de algo considerado valioso pelos outros. Mas sabemos, também, que pode ser uma forma de expressão. (...) Vandalismo é um tipo de parasitismo nascido na essência da civilização ocidental.
Em nossa cultura atual somos triturados, manipulados pela tecnologia e por interesses comerciais. Marketeiros de plantão colocam sentido no vestir de roupas, carros, móveis e até mesmo na comida nós escolhemos nossos significados através dos produtos, simultaneamente criando e erradicando nossa noção de nós mesmos. Somos projetos comerciais. Somos hospedeiros e a cultura da comodidade é o nosso parasita. Somos objetos vandalizados – tortos, deformados, cobertos de marcas que não podemos honestamente dizer que escolhemos por vontade própria. Sugados da comunidade e humanidade, somos levados a acreditar que dependemos do nosso parasita para nossa identidade. O que conhecemos como “vandalismo” é na verdade a rejeição da dependência do consumo. O vândalo mina o sentido comercial. A cultura do consumo cria um lodo sobre nós e é vulnerável em suas próprias raízes rasas. Ela teme toda a reflexão. Cidadãos vivendo dentro dela em estado permanente de evasão pessoal, evitando a contemplação pelo medo de confrontar a realidade da completa falta de sentido em que vivemos ou, pior, a desvantagem competitiva e exclusão social. Vandalismo é uma expressão dessa psicologia de fuga e a compreensão de que a existência se tornou uma atividade criminosa. Vandalismo é arte quando a arte não pode mais resgatar o sentido do absurdo esmagador das condições materiais atuais. Numa sociedade que valoriza o mito da total escolha, a escolha mais crucial se tornou criminosa: a habilidade de criar novos sentidos. O ponto onde o mito e a realidade se encontram é na intersecção da política e arte, na ameaça do vândalo, no agitador cultural, no anarquista."


Esse é um trecho de um texto publicado algum tempo atrás na revista Trip. É baseado em um ensaio filosófico de Andrew Stillman e publicado na revista Adbusters, na primavera de 2000. Esse ensaio trata do episódio ocorrido em 30 de novembro de 1999, quando dezenas de milhares de manifestantes fecharam a Organização Mundial do Comércio e criaram um estado de emergência na periferia de Seattle, EUA. Trata-se de uma ato contra o costume consumista. (Um bom texto sobre esse assunto você pode ler aqui).

O fato é que, o consumo precisa ser percebido como a contribuição de cada um de nós para a manutenção do sistema capitalista, opressor e excludente por essência. O consumismo desvia a atenção de assuntos mais relevantes - uma espécie de sublimação necrófila em que a pessoa renega a si para buscar, na posse de bens materiais, o sentido para sua vida. Enquanto as pessoas pensam em consumir, deixam de refletir sobre sua própria existência enquanto cidadãs e, principalmente, enquanto seres humanos.

Viagem minha? Romantismo? Talvez... O problema é que, enquanto isso, os donos do poder (entendendo-os como o fruto da simbiose entre as elites política e econômica) continuam se refestelando no estamento brasileiro.

arte: Otávio e Gustavo Pandolfo. Ou, simplesmente, OS GÊMEOS. Eles viajaram o mundo por conta das personagens que pintam pela cidade desde o fim da década de 80. Para os irmãos, o graffiti permite expressar sentimentos contraditórios da vida na metrópole.No bairro do Cambuci, região Central da cidade, muitos muros descascados e imóveis abandonados receberam estampas de estranhas figuras amarelas e cabeçudas, com corpos quadrados e membros finos. Elas se destacam entre outros trabalhos de grafiteiros com os quais convivem: são delicadas e parecem fazer parte de uma outra realidade.Desde que foram levados ao exterior para mostrar seus trabalhos na Alemanha, em 1999, osgemeos viajaram por diversos países da Europa e pelos Estados Unidos, expondo, criando e aprendendo. A primeira mostra individual dos gêmeos idênticos de 33 anos, no Brasil, aconteceu em 2006 na Galeria Fortes Vilaça, com o título de “O Peixe que Comia Estrelas Cadentes”.

domingo, 11 de julho de 2010

A origem da obra de arte


Aquele que chamamos o segundo Heiegger, talvez uma reflexão crítica do filósofo sobre si mesmo, continua preocupando-se com o ser. No entanto, na obra A origem da obra de arte não mais é o Dasein que se apresenta como porta de entrada para a descoberta do mesmo. Conforme o filósofo, é a linguagem que deverá nos conduzir à descoberta da Verdade. Neste sentido, toda a arte é poema, daí que são referenciadas a arte plástica, representada pela obra Os sapatos da camponesa, de van Gogh, os poemas de Hölderlin, um templo grego, representando a arquitetura, por exemplo.
Para se saber a origem da obra de arte, é necessário que se recorra ao artista, todavia, só sabemos algo sobre o artista, se inquirimos a obra que, por sua vez, só é uma obra porque resultou do trabalho do artista. Desta feita, somos obrigados a adentrar no círculo que, conforme Heidegger, é um risco que devem correr todos os que se ocupam do pensamento.
Inseridos no círculo, o caminho devemos percorrer. Heidegger conduz-nos, chamando, reforçando e excluindo todos os obstáculos. Assim, chegamos à conclusão de que uma obra de arte é aquela que é gerada no auge do conflito entre a Terra e o Mundo. A primeira, reconhecida como a doadora, aquela que se retrai e se oculta no seu silêncio. O Mundo, resultado da construção humana, é aquele que reclama da terra o proferimento de qualquer coisa que o conduza à compreensão daqueles que lhes deu vida e que, por sua vez, ele e a terra são seus geradores. Desta exigência, emerge a obra de arte, cuja única função é a de revelar a Verdade. Neste sentido, a Verdade não mais se encontra fora do mundo, num lugar inacessível ao homem, ao contrário, ela pode estar diante de nós, no aparente mutismo de uma obra de arte, esperando ser contemplada para que, enfim, possa se revelar.
Desta feita, é conferido ao artista o papel de guardião do ser. E à sua obra é atribuído o papel originário de detentora e reveladora da Verdade. A nós, homens comuns, é garantida a Revelação.