sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
CIGARRO!!!
A solidão é meu cigarro
Não sei de nada e não sou de ninguém
Eu entro no meu carro e corro
Corro demais só pra te ver, meu bem
Um vinho, um travo amargo e morro
Eu sigo só porque é o que me convém
Minha canção é meu socorro
Se o mar virar sertão, o que é que tem?
Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
O amor é pedra no abismo
A meio-passo entre o mal e o bem
Com meus botões à noite cismo
Pra que os trilhos, se não passa o trem?
Os mortos sabem mais que os vivos
Sabem o gosto que a morte tem
Pra rir tem todos os motivos
Os seus segredos vão contar a quem?
Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor 4X
Pra elevar minhas idéias não preciso de incenso
Eu existo porque penso
tenso por isso existo
São sete as chagas de cristo
São muitos os meus pecados
Satanás condecorado
na tv tem um programa
Nunca mais a velha chama
Nunca mais o céu do lado
Disneylândia eldorado
Vamos nós dançar na lama
Bye bye adeus Gene Kelly
Como santo me revele
como sinto como passo
Carne viva atrás da pele
aqui vive-se à míngua
Não tenho papas na língua
Não trago padres na alma
Minha pátria é minha íngua
Me conheço como a palma
da platéia calorosa
Eu vi o calo na rosa
eu vi a ferida aberta
Eu tenho a palavra certa
pra doutor não reclamar
Mas a minha mente boquiaberta
Precisa mesmo deserta
Aprender aprender a soletrar
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor 4X
Não me diga que me ama
Não me queira não me afague
Sentimento pegue e pague
emoção compre em tablete
Mastigue como chiclete
jogue fora na sarjeta
Compre um lote do futuro
cheque para trinta dias
Nosso plano de seguro
cobre a sua carência
Eu perdi o paraíso
mas ganhei inteligência
Demência, felicidade,
propriedade privada
Não se prive não se prove
Dont't tell me peace and love
Tome logo um engov
pra curar sua ressaca
Da modernidade essa armadilha
Matilha de cães raivosos e assustados
O presente não devolve o troco do passado
Sofrimento não é amargura
Tristeza não é pecado
Lugar de ser feliz não é supermercado
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor 4X
O inferno é escuro
não tem água encanada
Não tem porta não tem muro
Não tem porteiro na entrada
E o céu será divino
confortável condomínio
Com anjos cantando hosanas
nas alturas nas alturas
Onde tudo é nobre
e tudo tem nome
Onde os cães só latem
Pra enxotar a fome
Todo mundo quer quer
Quer subir na vida
Se subir ladeira espere a descida
Se na hora "h"o elevador parar
No vigésimo quinto andar
der aquele enguiço
Sempre vai haver uma escada de serviço
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor 4X
Todo mundo sabe tudo todo mundo fala
Mas a língua do mudo ninguém quer estudá-la
Quem não quer suar camisa não carrega mala
Revólver que ninguém usa não dispara bala
Casa grande faz fuxico quem leva fama é a senzala
Pra chegar na minha cama tem que passar pela sala
Quem não sabe dá bandeira quem sabe que sabia cala
Liga aí porta-bandeira não é mestre-sala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
O que é ser punk??
“Você pode ser um punk sem se dizer punk, pois o punk está no seu jeito de pensar.“
Pensamento Punk
O primeiro pensamento punk começou com o faça-você-mesmo, que seria a prática de fabricar ou reparar uma coisa por conta própria em vez de comprar ou pagar por um trabalho profissional, e talvez, essa seja uma pequena influêcia das roupas rasgadas ou mal costuradas que estão presentes no estilo de vestimenta dos punks, porém esse pensamento nâo é o principal, e até mesmo não é mais usado por todos os punks.
Os punks tem um pensamento, que de certa forma, sem esse pensamento seria difícil ser um punk, que é não ligar para o que os outros pensam.
Fazemos o que queremos sem nos importar se alguém está achando errado, feio ou imoral.
O estilo (não é moda, é estilo!), vem junto com outro pensamento, que é ser diferente. Os punks não querem ser diferentes para aparecer, somos diferentes por um motivo, não aceitamos ser “mais um” que segue as normas impostas pela sociedade, por isso as roupas rasgadas, o moicano, etc. O estilo punk, mostra que não somos o que querem que sejamos, nós somos o que queremos ser, nos vestimos como gostamos, e não como os outros gostam. Esse é o jeito que muitos punks gostam de se vestir, mas ninguém preciza gostar ou usar esse estilo para ser punk, se você não gosta de “se vestir como punk”, não é por isso que você não é punk. Você pode usar a roupa que quiser, pois ser punk está na atitude e no modo de pensar. Se aparecer alguém de coturno, moicano, etc, dizendo que é punk e que você não é punk pois não se veste como tal, então pode ter certeza, se ele se preocupa com como VOCÊ se veste, então ELE é que não é um verdadeiro punk.
Punks criticam o governo, a educação (que na minha opinião apenas fazem idiotas para a sociedade de acordo com o que o sistema quer, pois em extremamente poucos países a educação é realmente boa), os políticos, os impostos, pobreza, desemprego, entre outros problemas. Isso é o que da origem a apreciação da anarquia.
Anarquia
O anarquista imagina uma sociedade na qual as relações mútuas seriam regidas não por leis ou por autoridades auto-impostas ou eleitas, mas por mútua concordância de todos os seus interesses e pela soma de usos e costumes sociais – não mobilizados por leis, pela rotina ou por supertições – mas em contínuo desenvolvimento, sofrendo reajustes para que pudessem satisfazer as exigências sempre crescentes de uma vida livre, estimulada pelos progressos da ciência, por novos inventos e pela evolução ininterrupta de ideias cada vez mais elevados. Não haveria, portanto, autoridades para governá-la. Nenhum homem governaria outro homem
Anarquia é um sistema onde ninguém precisa obedecer ninguém, um sistema onde todo mundo é livre para fazer aquilo que quiser, sem censura, sem regras… Se um dia o mundo deixar de ser capitalista e passar a ser anarquista, não haverá pobreza e nem riqueza, não haverá gente passando fome, não haverá exploração, e ninguém seria obrigado a fazer aquilo que não quer, tendo liberdade de fazer o que quiser, desde que não prejudique os outros, pois cada um deve ter o direito de fazer aquilo que tiver vontade, ninguém deve impedir ninguém de fazer o que gosta, a não ser que esteja prejudicando outras pessoas. As pessoas estão sempre servindo de marionete do governo, que dita as regras, e todos são obrigados a seguir. Isso é errado!! Devemos mudar esse sistema, antes que o governo nos domine ainda mais. Não é justo que uns tem de tudo enquanto outros não tem porra nenhuma! Não é justo que os ricos estão no poder, e que os pobres sejam obrigados a fazer o que os ricos querem. Tem políticos aí (todos) que não fazem porra nenhuma e ganham uma grana do caralho! Enquanto tem muitos trabalhadores aí que se fodem trabalhando e não ganham quase nada. Não adianta ficar parado, temos que agir, temos que lutar, protestar, contrariar, desobedecer, expor nossas idéias… Se todo mundo lutar, o mundo melhorará, o capitalismo acabará, a hierarquia acabará, a pobreza acabará, a exploração acabará, as leis acabarão, e ninguém mais seria marionete de ninguém, todo mundo seria igual hierarquicamente, e a anarquia prevalecerá. Então, Anarquia é isso aí, um mundo melhor para todos, liberdade, igualdade… “Obedecer o sistema, é se tornar marionete do governo. Não seja uma marionete, DESOBEDEÇA!!!”
Anarquia é caos?
Anarquismo é geralmente identificado como caos ou “bagunça” por ser uma doutrina política que defende a abolição de qualquer tipo de governo formal, mas na verdade, não é bem isso: etimologicamente esta palavra é formada pelo sufixo archon, que em grego significa governante, e an, que significa sem. Ou seja, anarquismo significa ao pé da letra “semgovernante”. A principal idéia que rege o anarquismo é de que o governo é totalmente desnecessário, violento e nocivo, tendo em vista que toda a população pode voluntariamente se organizar e sobreviver em paz e harmonia.
A proposta dos anarquistas é contraditória ao sistema capitalista, mas não deve ser confundida com o individualismo, pois está fundamentada na cooperação e aceitação da realidade por parte da comunidade. De acordo com os principais pensadores anarquistas, o homem é um ser que por natureza é capaz de viver em paz.
Atitude, liberdade, igualdade, conciência e respeito. Anti-machismo, anti-homofobia, anti-nazismo, amor livre, anti-lideranças, liberdade individual e autodidatismo,isso tudo é o que se faz, e o que se pede na Anarquia.
A única coisa que faz a anarquia não da certo, são as pessoas que tem em mente o poder individual. Todos os pensamentos que fariam a anarquia não dar certo, acabariam se nós começarmos uma anarquia, e nas próximas geraçÕes fizermos com que todos percebam que a anarquia faz com que TODOS sejam felizes, e para aquele que pensar o contrário, mostrar que no passado (hoje) havia miséria, tristeza, desigualdade e desrespeito, e por isso todos vivem iguais sem prejudicar ningém.
Mas parece que o “povo” não quer isso, pois se ninguém fizesse nada que prejudica outras pessoas todos viveriam em paz. A anarquia só não funciona com as pessoas que não pensam nas outras.
Exemplo: Eu estou bem, então se ele não está não é culpa minha.
Mas é sim! Pois se houvesse anarquia, ninguém estaria pior que ninguém.
A Anarquia depende da conciência e vontade de TODOS! Se TODOS quiserem que TODOS sejam felizes, a anarquia vai funcionar!
Bem… Então o que é ser punk?
Ser punk não é sair por aí cheio de alfinetes na cara, com cabelos coloridos, roupa rasgada, fazendo vandalismo e batendo nas pessoas. Mas infelizmente é essa imagem que a televisão passa como sendo o punk. É o seguinte, para ser punk não precisa se encher de correntes, piercings, etc. Apesar de esse ser o visual que nós punks mais curtimos e que caracteriza o punk. O punk é aquele que faz o que realmente der vontade, aquele que se veste do jeito que tem vontade, sem ligar para o que os outros pensam, nem para modismos. Se você liga para o que os outros pensam sobre o que você usa, você não é punk. Mas se você não está nem aí para o que os outros dizem sobre o que você usa, aí sim você é um punk de verdade. Um punk de verdade não muda por causa de críticas, ele é aquilo que der vontade de ser, sem se preocupar se os outros acham ridículo, estranho, etc. Geralmente os punks preferem o visual mais doido e mais diferente do normal, mas isso não significa que alguém que se veste normal não pode ser punk, se um punk realmente prefere um visual normal, ele deve se vestir normal, e não se encher de correntes, piercings, etc. só para dizer que é punk. Um verdadeiro punk não liga nem para o que os outros punks pensam sobre ele. Quanto à imagem de violentos, que a televisão caracteriza como sendo o punk, os punks só usam a violência quando é necessário, contra o governo, contra a polícia. Nós queremos viver em harmonia, sem violência, mas às vezes é necessário usar a violência para lutar pela paz e pela harmonia. Os punks não saem nas ruas para arranjar confusão e nem para fazer vandalismo, eles saem para protestar contra o governo, eles lutam pelo povo., contra as injustiças impostas pelo governo. Então é isso aí, ser punk é ser o que der vontade de ser, fazer o que der vontade de fazer, lutar contra o que achamos errado, e acima de tudo, ser anarquista por natureza.
“Você pode ver pessoas com coturnos e moicanos que não sabem o que é PUNK de verdade… e um verdadeiro punk, de terno e gravata.“ “by Mao, Garotos Podres”
No século 21, a moda pode ser copiada, criada, customizada ou resgatada. Época em que não há o “certo” nem o “errado”.
A Juventude como Criadora e Disseminadora de Tendências de Consumo
Uma Perspectiva Antropológica.
Dado que a partir da segunda metade do século XX a juventude como conceito tornou-se o topo da pirâmide da moda e o universo simbólico juvenil da rua tornou-se base para o processo de criação e comercialização da roupa, a mudança na estruturação interna dos grupos juvenis ocorrida na última década do século XX merece aqui ser abordada para a compreensão das mudanças nos códigos de moda e de diversas categorias de consumo nos dias de hoje.
É necessário conhecer o valor simbólico dos signos estéticos usados como código de indumentária, de estilo e de comportamento pela juventude, para se compreender porque estes convertem-se em novos padrões de moda e consumo.
A moda, aqui entendida como um sistema de produção e produção de tendências que orienta a produção e consumo de uma infinita categoria de bens, entre elas o vestuário, “colou” na juventude e é no bojo das reformulações operadas por esta que o conceito de moda e as perspectivas de consumo se recriam constantemente. Imaginemos o movimento punk sem a composição indumentária que marcou o estilo , as calças rasgadas, braceletes com rebites, a costomização (o do it yourself) nas roupas… Agora imaginemos os anos 80 sem os cabelos repicados e armados com gel, os acessórios em couro e rebites, a maquiagem pesada e as tatuagens em ascensão. Fica evidente o encadeamento dos eventos culturais promovidos por grupos juvenis a e geração de padrões de moda adotados consensualmente.
Se não fosse Vivienne Westwood, talvez não existisse o punk, nem Londres seria a capital mundial dos grupos de estilo. Todavia, é necessário ressaltar que, se uma subcultura juvenil agregadora de significados como o punk, produtora de ideologia, consumo; união entre jovens revolucionou modos de ser, pensar e fazer nos anos 70/80, (orientando entre tantas instâncias, a moda), no fim do segundo milênio, é a disjunção de estruturas de significados, a desterritorialização de universos simbólicos e ideológicos e a randômica mutação de modus vivendi que caracterizam os grupos juvenis, a sua produção cultural e a influência que esta exerce sobre a sociedade contemporânea.
É impossível imaginar o que seriam as subculturas juvenis dos anos 60/70/80, se lhes fosse extraído o elemento “denominador comum”. A homologia que produz identidade, comunhão e diferenciação tem seu poder na adoção de mitos e ritos compartilhados em comum. “Ser” membro de uma subcultura juvenil encontrava sua força na dicotomia, oposição, dualidade em “não-ser” o outro, não ser o membro de uma tribo rival (punks “não eram” góticos), “não-ser” parte do lugar comum, não ser capitalista, ou católico, negar o outro para a afirmação do si.
Definição, territorialidade e oposição eram elementos estruturais que caracterizavam subculturas juvenis. A centralização de poder e convergência de interesses, associada à diferenciação eram sinais de estruturação de uma subcultura, o compromisso com uma determinada ética e estética era fundamental para “radicalizar” no sentido de manter-se fiel às doutrinas do grupo era palavra de ordem para cada grupo possuía uma identidade definida em relação à outra. A homogeneidade traduzia a idéia de subcultura da metrópole: um fragmento cuja identidade e sistema de códigos era claramente definida.
Nos dias de hoje, a idéia de subcultura cedeu lugar ao que o antropólogo Massimo Canevacci conceitua como cultura eXtrema, onde a noção de identidade é substituída pela concepção de “multividualidade”: o indivíduo múltiplo que participa de uma pluralidade de grupos, que experimenta diversas formas de ser e pensar, que transita pela desterritorialidade urbana, da experiência na web à vivência nômade da rua.
A partir desta nova pluralidade de modos de ser e viver, a juventude antes tribo, subcultura, hoje é policultura desterritorializada, os grupos que antes se utilizavam de signos estéticos específicos, consensualmente adotados para marcar sua identidade e demarcar território, hoje transitam por um universo de signos e significados mutantes.
A identidade consolidada torna-se fluida, uma multividualidade descentralizada. É nesse descentramento de estruturas de poder inerentes aos grupos juvenis que o conceito de subcultura se desmaterializa e a idéia de grupos de estilo juvenis assume novas configurações, o que era compacto e homogêneo, torna-se fluido e poli-identitário.
Segundo Canevacci, o conceito de cultura eXtrema, é baseado na idéia de cultura “exterminada”, jogando com a etimologia da palavra, o antropólogo identifica uma cultura juvenil que não se termina, que não tem fim, não tem limite, é uma condição juvenil e produção cultural comunicativa que não são termináveis
O conceito de identidade juvenil, para o autor, é substituído pela idéia de entidade, alteridade ou avatar: sujeito mutante, mutóide, fluido, que transita entre o Eu e o Outro, que se faz objeto dos produtos que adota, que deseja tornar-se signo e que assume a metrópole como condição de existência e, cuja vivência nômade, desterritorializada encontra-se traduzida na vivência da web.
Tanto a contracultura surgida nos anos 60, quanto as subculturas ou tribos estruturavam-se a partir da relação com uma dada cultura dominante – a cultura burguesa. A idéia de hegemonia produzia movimentos de oposição, onde manifestações culturais eram agregadas em grupos diferenciados e/ou contrários às estruturas de poder dominantes.
A dissolução de categorias hegemônicas de poder que atravessa os anos 90 desarticula tal relação de confronto entre cultura dominante/cultura juvenil. Não podemos então pensar em pólos opostos, mas em estruturas de poder que competem continuamente, que transitam pela “desterritorialidade” da metrópole de forma fluida, mutante, em permanente movimento. Os movimentos efetuados no espaço imaterial das culturas juvenis atuais não obedecem mais à linearidade da oposição ou contrariedade em favor de algo, mas podem ser vistos como movimentos randômicos de uma metrópole cada vez mais caleidoscópica.
Não existe mais a idéia de subcultura como uma classe menor interna e a relacionar-se estaticamente com uma classe maior, pois a própria noção de classe (cultura) maior, é obsoleta. Multiculturalidade, descentralização de poder, heterogeneidade e competição entre núcleos rivais é a condição da cultura (latto sensu) na sociedade pós-moderna.
A concepção antropológica de subcultura, é baseada no intuito de delimitar, definir e categorizar um grupo interior a um grupo maior (ou à totalidade), a identidade é caracterizada por processos de diferenciação e individuação. A subcultura constitui portanto, um fragmento estruturado internamente, da cultura, sendo, a identidade, seu ponto de referência.
Outrora a antropologia encontrava seu ponto forte na definição e defesa da identidade, onde quanto maior a homologia, homogeneidade das estruturas, modus vivendi, características de um grupo, etnia, maior a consolidação deste grupo. Como ressalta Canevacci, na atualidade as novas correntes antropológicas devem se ater aos movimentos de fragmentação, parcialidade, desunificação e consagração da diferença.
De acordo coma a orientação científica deste trabalho, da antropologia crítica ou pós-moderna, a idéia de síntese, objetividade, identidade e generalidade, cede espaço à experimentação da subjetividade e consagração da diferença. Esta escolha metodológica serve ao propósito de analisar a cultura não mais como estrutura/sub-estrutura, mas como um todo heterogêneo de dimensões que se atravessam continuamente.
Segundo Canevacci, o sucesso anglo-saxão do termo subcultura se deve a uma leitura de Gramsci que constitui um marxismo sensível à relativa autonomia da cultura, que dizia respeito à ortodoxia, que proclamava a centralidade da estrutura sobre a sub-estrutura, esta, caracterizada como secundária, derivada. Como exemplo, um hacker desloca-se através e contra qualquer distinção política nacional, social ou territorial, desta feita, a idéia de subcultura como categoria do grupo, é inadequada.
Associada à noção de subcultura (que pode ter conotação sexual, étnica, religiosa, artística, entre outros), o conceito de juventude é aqui explorado como centro de referência para o objeto estudado – a moda em sua dimensão comunicacional e cultural na sociedade urbana contemporânea.
Se as culturas juvenis são fonte de referência para o desenvolvimento da moda na sociedade pós-industrial, é preciso indagar o que se concebe por juventude, juvenil, jovem nos dias de hoje. A definição etária para o conceito de juventude é hoje obsoleta, para além da dimensão cronológica, juventude hoje é um estado das coisas, dos indivíduos, do próprio consumo. Conforme Canevacci, o conceito de juventude se dilata, “os jovens são eXterminados”, não no sentido de que são eliminados, mas ao contrário: no senso de que a juventude não se termina, não é mais uma “passagem”, mas uma condição que se extende dissolvendo barreiras tanto sociológicas quanto biológicas.
A juventude assume a metrópole como condição de vida e é incorporando a metrópole, a rua, categoria aqui utilizada para definir a sociedade urbana contemporânea, que categorias como o nós social são dissolvidas. Um processo desagregador e disjuntivo, que ocorre a partir dos anos 80 no universo juvenil amplia a idéia de juventude que se infiltra nos processos de produção, consumo e comunicação da metrópole. Como exemplo, os enfants térribles da Alta Costura, John Galliano e Jean Paul Gaultier já passaram dos 40 anos…
Se outrora o adulto enquanto categoria social produzia e o jovem, alheio à produção e mercado apenas consumia, hoje, é dominando instâncias como a tecnologia, além de processos e sistemas comunicacionais que o jovem é parte fundamental do processo de produção.
A idéia de juventude se expande, concebendo, ao invés de subculturas, “multiculturas” fluidas, mutantes, randômicas, em movimento constante e sem delimitações visíveis, ao que Canevacci associa, no lugar do termo indivíduo, o conceito de entidade, dado à imaterialidade dos territórios, dos processos e dos sistemas por onde transita o indivíduo (entidade) hoje.
Uma das razões preponderantes para a expansão da cultura juvenil como imagem da metrópole, é o domínio exercido pelos jovens sobre as inovações tecnológicas. A experiência da rua hoje, se espelha na experiência da web, com uma gama interminável de informações assimiladas ao click do mouse, uma transição constante de cenários, diálogos, relações e trocas flutuantes, virtuais, mutantes, infinitas, indelimitáveis.
A arquitetura de informação que compõe a web, passa a influenciar o modus vivendi e a relação juvenil na rua, não que a internet seja assumida como sistema principal de comunicação, mas a velocidade, aglomeração e sistema de transmissão de códigos na urbe assumem características cada vez mais parecidas com a vivência de web.
A despeito da teoria de Baudrillard onde as relações entre as pessoas se realizam através das relações entre os objetos, na era atual, podemos dizer que relações intra-pessoais se realizam através de relações entre máquinas, e os sistemas, codificações e processos comunicacionais destas relações se estendem para a vivência urbana.
Para se entender a complexidade do que são os grupos juvenis que vivem e constituem a rua, é necessário percebermos que a vivência juvenil urbana, ao contrário das décadas anteriores, não compreende mais o elemento síntese, ela é desagregadora e disjuntiva, fluida e mutante, desta feita, a explanação de Canevacci – juventude mutóide estudada a partir de conceitos fluidos apresenta relevante coerência
A atual juventude, representada no que outrora eram as subculturas juvenis não é por acaso modelo de referência para a criação da moda das últimas décadas. O romantismo-rebelde-juvenil, chave para a compreensão do conceito de juventude, aparece como a grande geração de tendências, modelos, modos de ser, pensar e mesmo consumir na sociedade moderna.
A idéia de extremo, claramente associada ao conceito de romantismo, move a vivência juvenil urbana rumo ao novo, ao inusitado, ao transgressor. Segundo Corrêa, a juventude dos anos 70 assume a ruptura como padrão, todavia, a juventude extrema dos dias atuais, flutua entre extremos, do novo ao retrô, do autêntico ao clichê. Sem compromissos ideológicos, sem visar o poder, mas como potência, ela descentraliza o poder onde o encontra e, conforme Canevacci, assume a poética em lugar do poder.
“Delimito il campo della culture extreme giovanilli a quelle que si muovono disordinatamente tra gli spazi comunicativi metropolitani e scelgono di innovare confflitualmente i codici. Di smuovere i significante statici. Da produrre significati alterati. Da liberare segni fluidi daí simboli solidi. É questo flusso che, per differenziarlo da um genérico uso de estremo (sport-sesso-politica-arte) chiamo eXtremo.” (Canevacci, 1999:50)
A apropriação da tecnologia de ponta pela juventude altera a noção de Eu/Outro, corpo/mente, humanidade/cibernética. O conceito de entidade de Canevacci traduz a experiência juvenil na rua hoje. O sujeito indefinido que, de forma fluida transita entre papéis sociais, não busca, como na era das subculturas, a identidade, mas sim, a diferença. Neste trânsito, o ethos não é definido e, antropologicamente, são as zonas in between que se tornam representações das culturas juvenis.
A corporalidade se altera, o estatuto do corpo se renova. O conceito de mindfull body expressa essa renovação, significa o corpo cheio de mentes que deixa de ser objeto da mente e a incorpora, tornando-se para-material, sujeito de experiências, semi-autônomo, ao invés de matéria-prima para representação de ideologias (como na subcultura punk ou skinhead) a sensorialidade corpórea contém mentes que experimentam a vivência na urbe.
O corpo torna-se máquina, torna-se arte, torna-se multiplicidade sexual e cultural. É nesse novo estatuto do corpo que a moda, caminhando paralelamente à cultura juvenil eXtrema, assume uma intensa, marcante representatividade na sociedade contemporânea.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Menino do Rio
Caetano Veloso
Composição: Caetano Veloso
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração, de eterno flerte
Adoro ver-te...
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto prá Deus
Proteger-te...
O Hawaí, seja aqui
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Toma esta canção
Como um beijo...
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração, de eterno flerte
Adoro ver-te...
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto prá Deus
Proteger-te...
O Hawaí, seja aqui
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...
Outro
Caetano Veloso
Composição: Caetano Veloso
você nem vai me reconhecer
quando eu passar por você
de cara alegre e cruel
feliz e mau como um pau duro
acendendo-se no escuro
cascavel
eriçada na moita
concentrada e afoita
eu já chorei muito por você
também já fiz você chorar
agora olhe pra lá porque
eu fui me embora
você nem vai me reconhecer
quando eu passar por você
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