terça-feira, 5 de julho de 2011

KARL POPPER: OTIMISMO E PESSIMISMO EPISTEMOLÓGICOS NOS DIALOGOS PLATONICOS


Janeilson Carlos Damasceno



Trabalho apresentado na disciplina de Teoria do conhecimento, Prof: Dax Moraes.Como requisito parcial avaliativo do Curso de Filosofia da Universidade estadual do Rio grande o norte, campus de Caicó, para a obtenção dos créditos da disciplina do 4° período .
Caicó-RN
2009.2

Karl Popper apresenta duas teses opostas basicamente só na aparência sobre o alcance do conhecimento. Na sua exposição Popper tem o intuito de esclarecer a doutrina do otimismo epistemológico; ele apresenta também a doutrina do pessimismo epistemológico, que consiste na descrença do poder humano em discernir a verdade.
Até Platão os sábios e os filósofos faziam referência às fontes de conhecimento como de natureza divina. Heráclito e Parmênides afirmavam a existência de fontes divinas que garantiam a veracidade de suas historias e seu conhecimento. Heráclito considerava-se um profeta possuído por Zeus fonte de toda sabedoria. Parmênides possui como guia e inspiração a deusa Diké, descrita por Heráclito como a guardiã da verdade. A doutrina da origem divina do conhecimento tem um papel decisivo na teoria da anamnesis de Platão, onde ele mantém o otimismo de que a verdade pode ser alcançada pelo homem, mas, em certa medida, ele da a todos os homens o acesso as fontes do conhecimento, essa doutrina é chamada de doutrina da verdade evidente, e pode ser observada no diálogo Mênon de Platão.
No Mênon, Platão diz que não há nada que nossa alma imortal já não saiba antes de nascermos, como todas as naturezas são semelhantes, nossa alma é semelhante a todas as naturezas. Ao nascer esquecemos, mas podemos recobrar a memória, e recuperar o conhecimento que já tínhamos, ao ver de novo a verdade, nós a reconhecemos; essa seria a causa da nossa ignorância. Essa teoria implica que nossa alma permanece num estado divino de onisciência enquanto participa do mundo divino da natureza, antes do nascimento. Este acontecimento corresponde a queda do estado de graça, do estado divino no qual tudo conhecemos, este seria, portanto, a causa e a origem da nossa ignorância.
Popper declara que existe um laço entre a teoria da anamnesis e a doutrina da verdade evidente; mesmo no estado de privação e esquecimento, se virmos a verdade não poderemos deixar de reconhecê-la. O otimismo epistemológico, a doutrina da verdade evidente e a teoria da conspiração, têm conseqüências negativas, parecidas com o pessimismo epistemológico. Popper observa que, o problema principal do otimismo epistemológico é que a verdade é frequentemente difícil de ser encontrada, e se perde com grande facilidade, e que crenças errôneas têm a capacidade de sobreviver por milhares de anos.
A descrença no poder da razão humana de discernir a verdade gera o pessimismo epistemológico. A doutrina da anamnesis de Platão é otimista porque acredita que qualquer um pode alcançar a verdade. Platão demonstra isso fazendo com que o escravo Mênon, sem qualquer instrução em geometria, construísse um quadrado com o dobro da área de um outro, Mênon pôde fazer isso pelo fato de que aquele conhecimento estar nele próprio, na sua alma.
Platão modifica sua epistemologia otimista tornando-a pessimista, na Republica. Platão diz: numa caverna, homens estão acorrentados de uma maneira que só podem olhar para a parede a sua frente e nela vêem somente sombras de objetos que não vêem, ao passarem na entrada da caverna, como também não vêem a luz que ilumina essas coisas, projetando sombras. Se, por um acaso, acontecesse que um prisioneiro conseguisse virar a cabeça e descobrir os objetos reais, concluiria que sua visão até então era sombra de uma realidade que lhe era oculta. Se, enfim, pudesse sair da caverna poderia ver o fogo ou o Sol que são a origem ou causa das sombras as quais pode observar dentro da caverna. Na comparação da caverna, o prisioneiro, só depois de libertado, poderá superar a mera opinião e conhecer a verdade, e teria a possibilidade de, pouco a pouco, chegar as idéias.
Para Platão, conhecimento verdadeiro só é possível em relação ao mundo transcendente das idéias. O acesso para compreender as idéias não é a experiência sensível, por que os sentidos podem enganar. O conhecimento das idéias baseia-se na suposição de que a alma, num estagio anterior, já as tenha captado.
Na analogia da caverna Platão mostra que, o mundo da nossa experiência é apenas sombra, um reflexo do mundo real; mesmo que um dos prisioneiros pudesse escapar da caverna para ver o mundo da realidade, enfrentaria dificuldades para entendê-lo, e também para transmitir sua experiência aos outros prisioneiros da obscuridade. Os obstáculos que surgem no processo de compreensão do mundo real são quase sobre-humanos, só uns poucos podem alcançar o estado divino de entendimento da realidade. Esses poucos, segundo Platão, são os filósofos, é por isso que estes devem governar, pois são os únicos capazes de alcançar o conhecimento da verdade.
Para Popper essa é uma teoria pessimista, no que se refere a quase toda a humanidade, pois ensina que só uns poucos eleitos podem alcançar a verdade. Mas, com relação a esses poucos, é uma visão mais otimista que a doutrina da verdade evidente assim, em Platão se encontra a primeira transição do otimismo para o pessimismo na teoria do conhecimento.

Um comentário:

  1. Oi! Qual o livro de POpper que vc resenha? fiquei interesada
    obrigada,
    natalia

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