terça-feira, 5 de julho de 2011

Resumo METAFISICA CONTEMPORÂNEA

Janeilson Carlos Damasceno
Resumo
METAFPISICA CONTEMPORÂNEA
Trabalho apresentado na disciplina de historia da filosofia contemporânea II, Prof: Dax Moraes
Como requisito parcial avaliativo do Curso de Filosofia da Universidade estadual do Rio grande o norte, campus de Caicó, para a obtenção dos créditos da disciplina do 5° período .
caicó-RN
2009.1

Nietzsche: fim da metafísica e os pós-modernos. (Oawaldo Giancoia Junior)
1- Metafísica, platonismo e niilismo.

Nietzsche revendo o platonismo pretende superar a metafísica pela transvaloração dos supremos valores da cultura ocidental. Para ele a raiz do pensar metafísico se encontra no idealismo platônico, com a doutrina das idéias e a oposição entre os mundos sensível e mundo inteligível.
O fato de que “Deus esta morto” esta associado a superação da metafísica. Heidegger observa que Deus é nome para o âmbito das idéias e dos ideais. Esse âmbito do supra-sensível vale como mundo verdadeiro e real desde Platão. Já o mundo sensível é apenas o mundo mutável, aparente, não real.
Uma das idéias-chaves da interpretação de Nietzsche, é a relação de Platão com o platonismo onde é constituído uma significação ética para a existência do mundo e do homem. Bem, belo e verdadeiro institui um vinculo entre conhecimento verdadeiro e moralidade. De acordo com Nietzsche, Platão foi influenciado por seu mestre Crátilo a interpretar no mesmo sentido a sentença de Heráclito: “tudo muda e nada permanece”. Para Nietzsche com essa proposição se abrem duas direções hermenêuticas diversas: primeiro se dissermos a matéria de todas as coisas modifica-se perpetuamente, significa que todas as coisas renovam permanentemente as suas partes; se dissermos que toda coisa singular passa, e nenhuma permanece eternamente, significa que nenhuma coisa individual permanece eternamente em sua existência individual.
Dessa forma, a sentença de Heráclito interpretada no sentido de que nenhuma coisa na natureza permanece eternamente, que tudo passa e novamente retorna, veta a possibilidade de um conhecimento que tem por base a experiência e os sentidos. No entanto para Platão, todas as coisas sensíveis se encontram em perpetuo fluxo e alteração, de maneira que nenhum conhecimento racional é possível acerca delas.
Se nenhum conhecimento racional do mundo sensível é legitimável, isso afeta também a noção de um fundamento absoluto para o conhecimento do bem e da virtude, privando a existência de toda significação moral. Neste ponto há uma intervenção influenciada por Sócrates, já que este considera o domínio ético cognoscível por conceitos. Sempre nomeamos o justo, o bom e o belo, como algo singular. Nestes conceitos é notável que suas abstrações são empregadas como em sentido adjetivo e não no sentido substantivo. Em Platão esses conceitos não podem estar sujeitos a variações e a inexistência. Por isso não estão sujeitos ao erro. A influencia desses conceitos permite refutar a interpretação de Crátilo a sentença de Heráclito fornecendo uma ocasião apropriada para uma reflexão metafisicamente mais profunda.
Para Sócrates, no domínio da ética era possível chegar a um saber relacionado aquilo que é permanente e supra-sensível. A dialética era o caminho e o método para se chegar a esse saber.
Platão herda de Sócrates e dos pitagóricos o desprezo pelo mundo sensível e pelos sentidos, principalmente a indisposição moral contra a realidade mais próxima. A tarefa ética será dedicar a vida ao culto da dialética; os sentidos perturbam a paz do homem ético.
A predominância da ética no pensamento de Platão permite uma reflexão sobre as ligações entre a doutrina das idéias e a teoria platônica da alma. A perfeição do mundo das idéias é dada pela idéia do bem, ela corresponde a mais alta reflexão platônica do saber e da dialética, sendo a fonte do ser e do saber, e tornando possível a cognoscibilidade e o conhecimento da idéias, sendo superior ao ser e ao saber.
O ponto de partida para a afirmação de um mundo supra-sensível é dado pelas hipóteses éticas de Sócrates, o elemento que prevalece na doutrina platônica da alma também é de natureza ética.
Todos esses elementos fornecem base para o reconhecimento das múltiplas oposições existentes entre mundo sensível X mundo inteligível, com a apropriada ligação da doutrina das idéias e doutrina platônica da alma. A interpretação platônica da postura heraclitiana torna inexistente ao mesmo tempo a realidade e o conhecimento. Ou seja, o verdadeiro ser não pode também, não ser ao mesmo tempo.
A oposição entre mundo sensível e mundo inteligível verdadeiramente real, corresponde a oposição entre opinião e ciência no plano do saber, e , a oposição entre corpo e alma no plano da existência humana.
Nietzsche reverte a ordem dos valores que Platão estabelece entre o conhecimento do permanece idêntico e o devir, considerando que a verdade é a realidade do devir e que o conhecimento é uma fonte de erros e ilusões. De acordo com Nietzsche, a doutrina das idéias esta intimamente associada com a doutrina da imortalidade da alma. No plano da teoria do conhecimento e da ciência a reversão se desdobra no plano da moral, da estética e da política.
Sendo assim, a transvaloração de todos os valores seria a catástrofe da metafísica. Esse processo obedece a uma lógica imanente, Nietzsche formulou esse conceito como niilismo, e é sobre esse conceito que ele descreve a crise irreversível de toda a pretensão a objetividade e a fundamentação do conhecimento racional, como ela corresponde nos fundamentos ético-filosofico de Platão. A via principal para o tema fim da metafísica em Nietzsche consiste em sua analise do niilismo, entendido enquanto experiência histórica da ausência de fundamento.
No final do século XIX, Nietzsche pretendia narrar a antecipação de nossa realidade, ele registrava que a cultura européia se movimentava com uma tortuosa tensão, crescendo a cada século em direção a uma catástrofe, uma cultura que não mais reflete e tem medo de refletir. Assim promovia a ascensão do niilismo.
Nietzsche definia niilismo como: falta a meta; falta a resposta para o “por quê?” para essa interrogação, a solução seria a possibilidade de encontrar uma causa, um sentido nas coisas e acontecimentos. Essas questões teriam como pré-condiçao a qualidade de valores superiores como, sentido, finalidade, causalidade, verdade, realidade, ser, mas igualmente bem e mal, justo e injusto, licito e ilícito, virtude e vicio etc. sem essa resposta, perdem-se os sentidos e os valores que sustentam toda a metafísica. É no niilismo que os supremos valores se desvalorizam.
Mas, com essa explicação, ainda estamos distantes de entender a essência e a medida do problema que o niilismo nos concerne. É preciso recorrer a genealogia para resolver o enraizamento histórico e assim chegar a uma compreensão de niilismo. Nossa cultura nasce sob uma obsessão por explicações, para Nietzsche a cultura nasce desde Sócrates, ela é uma cultura teórica, ou ciência, que repousa sobre o principio universal da razão.
Desde as origens o logos cientifico é seguido pela compulsão de fundamentos, que o impede de percorrer todos os conceitos e princípios. Toda cultura é conduzida a passar necessariamente pela pergunta do “por quê?” em todos os conteúdos, começamos pelos mais primitivos, as ordenações religiosas.
Todo fundamento é um “por quê?”, o “por que” é o primeiro de todos os fundamentos, tornando possível todos os outros, mais sem deixa encerrar em si mesmo.
Por causa da compulsão irresistível a ciência se precipita por seus limites e fracassa, assim a racionalidade percebe que o ultimo fundamento a leva a um abismo sem fim.
Nietzsche denomina de horizonte do infinito, essa desestabilização que lança a racionalidade cientifica a seguir em frente, buscando novos princípios e razoes. O niilismo dessa maneira traz consigo a superfície da consciência do elemento desestabilizador pertencente a todo “por quê?”, traduzindo-se pela impossibilidade de princípios inabaláveis. Entendendo que tais valores e princípios são a sustentação de uma cultura, o niilismo não é a causa da decadência cultural, é apenas o resultado de um processo de declínio, pois no decorrer da historia são extraídas as conseqüências lógicas das pretensões que se esvaziam.
O niilismo deve ser entendido como o acontecimento de significado histórico-mundial onde a consciência filosófica faz também a experiência do elemento nadificante (nihil) na crise de validade dos valores antigos e na ausência de novos valores universalmente validos.

BIBLIOGRAFIA:
Metafísica contemporânea/ Guido Imaguire, Custódio Luís S. de Almeida, Manfredo Araújo de Oliveira (org.). - Petrópolis, RJ: vozes, 2007. vários autores.

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